Setor financeiro garante a saúde de seguradoras ao absorver riscos e indenizar eventuais prejuízos de apólices vendidas
O mercado de seguros cresceu 9,2% em 2016 e deve manter o ritmo de expansão este ano, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Mas quem protege as seguradoras para que elas possam arcar com as indenizações de seus clientes? Esse é o papel das resseguradoras, que têm apoiado o desenvolvimento das seguradoras brasileiras e permitido sua penetração cada vez maior na economia nacional.
“Com o aumento da atividade de seguros no país, necessariamente a atividade das resseguradoras também cresce”, afirma Rafael da Mota Mendonça, sócio-fundador do escritório Antunes & Mota Mendonça Advogados. Pessoas físicas ou jurídicas podem contratar uma empresa de seguros que, mediante o pagamento de um prêmio, assume o risco financeiro do cliente. A seguradora, por sua vez, cede ou transfere parte dos riscos para uma empresa de resseguros.
Assim, caso ocorram diversos sinistros ou um acidente de grandes proporções que afetem o balanço financeiro, as seguradoras entregam uma parte do risco ou até mesmo toda a carteira a uma resseguradora. Isso garante a capacidade de absorção de riscos e a proteção contra catástrofes, por exemplo. Ou seja, o resseguro indeniza as seguradoras por eventuais prejuízos que possam acontecer em decorrência das apólices vendidas.
Se uma resseguradora não tem capacidade suficiente para absorver integralmente um risco, ela pode repassar parte desse risco para outra resseguradora por meio de um processo chamado de retrocessão. A estratégia do setor de resseguro é de sempre pulverizar os riscos para que nenhuma empresa fique sobrecarregada com a responsabilidade financeira de oferecer cobertura aos seus segurados.
Em países desenvolvidos, o mercado de resseguros é um dos setores financeiros mais importantes, pois possibilita que as empresas tenham cobertura securitária para os bens já existentes e para a construção de obras de infraestrutura, necessárias para o desenvolvimento de uma nação.
“O grande crescimento do setor no Brasil ocorreu a partir de 2008, com o fim do monopólio estatal sobre as operações de resseguro no Brasil”, afirma Mendonça. Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), o volume de prêmio cedido às resseguradoras atingiu 8,6 bilhões de reais em 2016, crescimento de 1% em relação aos 8,5 bilhões de reais registrados no ano anterior.
Os grandes números do setor não param por aí. O ressegurador IRB Brasil RE, líder no mercado nacional, registrou lucro líquido recorde de 849,9 milhões de reais em 2016, o que representa um crescimento de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Segundo dados da Rating de Seguros Consultoria, nos últimos anos, ao se considerar a somatória dos resultados das resseguradoras locais, as margens de rentabilidade têm se situado entre 5% e 15% ao ano. Porém, sem a inclusão dos resultados do IRB na conta, o ganho das resseguradoras restantes cai para uma média de -5% a 5% ao ano.
O sucesso do IRB pode ser explicado por fatores ligados a melhores resultados na sua carteira de resseguros. Para conseguir esse feito, o IRB renovou importantes contratos nos mercados local e internacional. Essa e outros razões garantiram ao ressegurador uma ampliação em 5 pontos percentuais em sua participação no mercado total brasileiro, passando de 34%, em 2015, para 39%, de acordo com dados apurados até setembro de 2016.
Entre os principais destaques financeiros de 2016 para a empresa está a receita com prêmios. O volume total avançou 13,6% em relação a 2015, totalizando 4,9 bilhões de reais. Desse montante, 3,7 bilhões de reais são de prêmios emitidos no Brasil e 1,2 bilhão de reais, no exterior.
“A tendência é que o mercado de resseguros cresça ainda mais nos próximos anos, com o surgimento de novos produtos e com a retomada de crescimento da economia brasileira, já sinalizada para 2017”, afirma Mendonça.
Fonte: Exame